A Páscoa de antigamente era muito diferente do que acontece agora. O que mais marcava a data era a simbologia religiosa e por isso os mais velhos lembram que o dia era de muita felicidade por significar a ressurreição de Jesus Cristo.
É o caso de Maria do Espírito Santo, que aos 96 anos, relembra ainda de muitos detalhes de momentos marcantes vividos em Páscoas de antigamente, quando, segundo ela, ninguém nem ouvia falar em ovos de chocolate.
De acordo com Maria, até chegar o grande dia da Páscoa, havia um longo período de preparativos durante a Quaresma, que começava na Quarta-feira de Cinzas. Os relatos dela, inclusive, são contados a partir dos três dias de Carnaval, último período para comer carne vermelha. Para acabar com os estoques do produto, as famílias vizinhas se convidavam e promoviam almoços e jantares coletivos para acabar com todo o estoque do produtos nas casas.
"Depois disso, ninguém mais comia carne vermelha durante a Quaresma. Muitos faziam o jejum todas as quartas-feiras, chamadas de trégua, e às sextas-feiras", conta, dizendo ainda que aproveitava para pescar os próprios peixes que a família comia, um hobby que praticou por muitos anos, depois com os filhos e netos.
Quando chegava na Sexta-feira Santa, havia ainda mais rigor nas regras. Ninguém trabalhava. Todos se concentravam nas orações. "Nem mesmo a casa podia ser varrida. Muitos nem colocavam lenha no fogão", lembra.
Outra pessoa que volta ao passado para relatar as histórias é a aposentada Célia Regina Pires, de 67 anos. Ela também confirma algumas dessas histórias, acrescentando que ovos de chocolate são mais recentes e foram introduzidos nas comemorações de Páscoa há pouco mais de 30 anos.
O jejum de carne vermelha também acontecia na família de Célia Regina, que disse ainda que naquela época além da restrição alimentar, não se podia nem mesmo ouvir rádio ou assistir televisão. Mas, o dia mais rigoroso era a Sexta-feira da Paixão. "Nesse dia, a gente comia feijão de corda, arroz com amendoim socado e bacalhau. Também não tinha sobremesa. Não se limpava a casa e todos tinham que ficar em silêncio total.”
Para encerrar as festividades, no grande almoço do Domingo de Páscoa era exigida a presença de todos os membros das famílias. Todos se reuniam à mesa para comer os pratos feitos com carne de porco, vaca e frango especialmente preparados para a ocasião.
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