Irmão da vítima deve ser ouvido nesta terça, no fórum de Santo André.
Na segunda, quatro vítimas de Lindemberg prestaram depoimento.
O julgamento de Lindemberg Alves Fernandes, acusado de matar a tiros a ex-namorada, Eloá Pimentel, de 15 anos, em SANTO ANDRÉ , no ABC, em 2008, será retomado na manhã desta terça-feira (14), no Fórum da cidade paulista. No segundo dia de júri deve ocorrer o último dos cinco depoimentos das testemunhas de acusação, o do irmão mais velho da vítima, Ronickson Pimentel dos Santos. Além dele, devem começar a ser ouvidas as dez testemunhas da defesa.
Além do assassinato da adolescente, o réu responde também por duas tentativas de homicídio (contra Nayara Rodrigues da Silva, baleada no rosto, e o sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano, que escapou do tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor Lopes de Campos, Iago Vilera de Oliveira e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro) praticados há mais de três anos, entre os dias 13 a 17 de outubro dentro do apartamento onde a ex morava. Sete jurados, seis homens e uma mulher, decidirão se Lindemberg é culpado ou inocente das acusações.
Segundo o Ministério Público, caso seja condenado por todos os crimes, a Justiça poderá sentenciar a Lindemberg uma pena mínima de 50 anos de reclusão e máxima de 100 anos. Pela legislação brasileira, porém, ninguém pode ficar preso por mais de 30 anos.
Na segunda-feira (13), o primeiro dia do júri começou por volta das 10h50 e terminou perto das 20h. Ele foi marcado pela exibição de vídeos jornalísticos aos jurados. O primeiro, de quatro minutos, foi exibido pela promotora Daniela Hashimoto, que enfocou o comportamento agressivo do réu durante o sequestro. Segundo as cenas, o desejo do acusado era o de se vingar da ex, que não aceitava retomar o romance. Para isso, ele queria mata-la a todo o custo.
O segundo vídeo, de mais de duas horas, foi mostrado pela advogada do acusado, Ana Lúcia Assad. As imagens criticaram a invasão do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM ao apartamento e a cobertura da imprensa no caso. A estratégia da defesa foi a de atribuir a responsabilidade pelo tráfico desfecho do sequestro aos policiais militares e jornalistas.
As cenas, entrevistas e debates sobre a ação policial e conduta da mídia, sugeria que Lindemberg não teria atirado em Eloá e Nayara se o Gate não tivesse invadido o imóvel, e que a exibição ao vivo do sequestro fez com que seu desfecho prolongasse ainda mais –durou cinco dias.
Além das imagens, o primeiro dia do julgamento teve quatro depoimentos, todos de vítimas de Lindemberg. Nayara foi a primeira a depor. Ela pediu para depor sem a presença de Lindemberg, e chorou ao lembrar dos momentos em que foi mantida refém do acusado. Segundo a estudante, o réu sempre se mostrou violento e disposto a matar Eloá e todos que estavam sob a mira de sua arma.
A advogada de Lindemberg rebateu essa versão ao afirmar que Nayara “simulou choro” para convencer os jurados. "Teve dramatização demais, ela estava bem orientada, simulou choro", disse Ana Lucia Assad na noite de segunda ao deixar o fórum.
Victor também falou sem o réu no plenário e falou que temia pela vida dos colegas –Eloá, Nayara e Iago – que estavam no apartamento da vítima fatal estudando quando foram surpreendidos por Lindemberg armado.
Iago aceitou falar na frente de Lindemberg, que assistiu ao depoimento sem algemas, mas escoltado por dois policiais militares. O jovem afirmou que precisou passar por tratamento psiquiátrico para superar o trauma do que ocorreu. Ele e Victor foram libertados pelo agressor no primeiro dia do sequestro.
O sargento da PM Atos foi a quarta vítima a depor. Ele disse que Lindemberg quis mata-lo e que escapou de um disparo do sequestrador. O policial militar foi o primeiro a tentar um contato com o acusado durante o sequestro para negociar a rendição dele e liberação dos reféns.
Para a promotora Daniela, o depoimento de Ronickson é importante para mostrar o comportamento agressivo de Lindemberg. O irmão mais velho de Eloá tinha amizade com o acusado antes do crime.
Posteriormente a sua fala, deverão começar os depoimentos das testemunhas arroladas pela defesa. Serão dez pessoas ao todo. Das 14 inicialmente chamadas, quatro não comparecerão porque moram em outra cidade e, segundo a lei, não precisam depor. Duas outras testemunhas foram trocadas. O perito Nelson Gonçalves foi trocado pela mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, e a jornalista Ana Paula Neves, pelo irmão mais novo da vítima, Ewerton Douglas.
Além deles, também constam no rol de testemunhas da defesa: o advogado Marcos Assumpção Cabello, o primeiro a ser chamado pela família de Lindemberg para defendê-lo durante o sequestro; os jornalistas Rodrigo Hidalgo e Márcio Campos, que cobriram o caso; os peritos Dairse Aparecida Pereira Lopes e Helio Rodrigues, que participaram do laudo do caso; o delegado Sergio Luditza, que investigou os crimes; e os policiais militares do Gate na época, o capitão Adriano Giovanini, negociador, e o tenente Paulo Sérgio Schiavo, que participou da invasão.
Após a fase dos depoimentos, deverá ocorrer o esperado interrogatório do réu. Segundo sua advogada, Ana Lucia Assad, Lindemberg irá falar pela primeira fez sobre o crime, dando a sua versão para o que aconteceu. Não há previsão se a defesa do acusado ocorrerá nesta terça ou na quarta-feira (15), data prevista pela juíza Milena Dias para o término do julgamento. Na segunda, ele foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, onde iria dormir, devendo voltar ao fórum nesta manhã.
Depois do interrogatório do réu, estão programados os debates entre Ministério Público e advogados do réu, nos quais cada um fará a sustentação, respectivamente, da acusação e defesa. Posteriormente, ocorrerá a votação dos jurados na sala secreta. Após isso, a juíza contará os votos e dará a sentença de condenação ou absolvição. Os jurados foram para um hotel na cidade do ABC, retornando ao fórum nesta manhã. Eles têm de estar incomunicáveis, sendo vigiados por oficiais de Justiça.
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