Os altos e baixos dos números se devem, em boa parte, à decisão da Brasil Foods de fechar o abatedouro de perus em sua unidade industrial de Carambeí, nos Campos Gerais, no final de 2009. Os avicultores tiveram que adaptar seus aviários e, desde o final de 2010, se dedicam à criação de frangos, que oferece menos riscos, apesar de dar mais trabalho.
O Paraná fechou 2011 com o número recorde de 1,39 bilhão de cabeças de frangos abatidas e se mantém como líder nacional na produção da ave mais consumida do mundo. Embora esteja em segundo lugar no ranking nacional de exportação de frangos, atrás apenas de Santa Catarina, o estado registrou um aumento de 3,4% em 2011 em comparação com 2010 nos embarques ao exterior, que chegaram a 1,03 bilhão de quilos do produto. Santa Catarina, que é líder com 1,04 bilhão de quilos, teve um aumento de 2,2% em relação a 2010. Os números são do Ministério da Agricultura.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, o aumento da produção de frangos não se deve só às mudanças entre os produtores de perus, mas à demanda. “O mercado interno e internacional está muito favorável e a tendência é continuar crescendo”, aponta. O consumo brasileiro de carne de frango chegou a 47,4 quilos por habitante/ano em 2011.
A Perdigão possuía uma unidade de abate de perus em Carambeí, nos Campos Gerais. Mas, após a fusão com a Sadia, em 2009, decidiu pela transferência da linha para Mineiros, em Goiás, por uma questão de logística. A desativação foi gradativa e começou em novembro de 2009.
Os números do Paraná acompanharam a tendência nacional de queda da produção da ave, que foi de 25% desde 2008. O Paraná reduziu o abate de perus de 14,1 mil cabeças em 2009 para 12,1 mil em 2010 e 9,5 mil no ano passado. O volume exportado pelo estado caiu de 17,8 mil (2010) para 7,7 mil quilos (2011).
“Estamos fazendo uma pesquisa sobre a demanda doméstica, que termina agora em março, e pretendemos iniciar uma campanha pelo consumo interno do peru. Ainda existe um conceito de que a carne está mais voltada para o Natal e para comemorações especiais. Mas, a carne de peru é mais firme e saudável”, defende o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra.
Substituição deve ser concluída em dois meses
A mudança do peru para o frango na região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, deve ser concluída dentro de dois meses – ou seja, dois anos após o início. A previsão, conforme alguns produtores, era de que o processo durasse seis meses. Conforme informações da Brasil Foods, 97% dos produtores já migraram e 3% finalizam o processo ainda em fevereiro para começar a trabalhar com perus em março.
De acordo com o presidente da Associação dos Avicultores dos Campos Gerais, Carlos Sérgio Bonfim de Andrade, há 630 produtores na região integrados à Brasil Foods. “Entre 1% e 2% não mudaram para o frango porque desistiram ou porque tiveram problemas de licenciamento ambiental”, apontou.
Entre os que já regularizaram os aviários está o avicultor Lecy Mattos, de Ponta Grossa. Ele tem três barracões de 3,6 mil metros quadrados, que comportam 58 mil frangos. A adaptação dos aviários demorou mais de um ano e, desde junho de 2011, ele repassa frangos para a Brasil Foods.
O avicultor diz que não teve escolha diante da decisão da Brasil Foods, mas considera que a troca foi positiva. “Tecnicamente, o frango dá mais trabalho porque exige mais atenção, mas o risco de perda é menor. Eu ficava com os perus durante três meses na granja. Com o frango eu fico só um mês”, aponta.
Outro diferencial no manejo é a temperatura do aviário. “O peru é maior, pesa uns 20 quilos, enquanto que o frango pesa em média 1,5 quilo. O peru exala calor, mas o frango precisa de calor. Então, mesmo no verão, eu tenho que ligar as fornalhas à noite para aquecer o aviário.”
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