Pais acreditam que a falta do especialista causou a morte da filha.
Ela teve dois infartos e foi atendida apenas por clínicos gerais.
Em Assis, interior de São Paulo, conta com 90 mil habitantes e um único cardiologista. A desproporção deixou indignada uma família depois da morte de uma mulher de 25 anos. Durante horas de internação, ela sofreu dois infartos, mas sequer chegou a ser atendida por um especialista. Uma pesquisa de abrangência nacional feita pela Universidade Federal de Minas Gerais aponta que a região sudeste é a melhor atendida por especialidades médica. Na área de cardiologia, a média na região Centro-Oeste é de 10 profissionais por 100 mil habitantes, ou seja, bem acima da situação verificada em Assis.
A família ainda está abalada com a morte de Jaqueline. Ela sofria de síndrome de Marfan, doença que afeta a estrutura do corpo, como olhos e coração. Levada ao hospital pela família depois de passar mal no trabalho, morreu depois de doze horas. Durante esse período, a mãe, Mariza Pereira da Silva, disse que nenhum cardiologista apareceu para atender a filha.
“Chegamos lá e ninguém atendeu ela. Um médico especialista foi chamado, mas falavam que não precisava”, contou Mariza.
No Pronto-Socorro de Assis, um dos diretores administrativos, Ediberto Scolari, confirmou que a jovem foi atendida apenas por clínicos gerais. “Eles tentaram fazer o máximo que puderam. O quadro da paciente era grave”, informou.
Uma portaria do Ministério da Saúde exige a todos os Prontos-Socorros Municipais que tenham seis médicos especialistas de plantão, sendo dois presenciais e, os outros, à distância. Em Assis, a norma e respeitada, mas dentre as especialidades contratadas para plantões. A de cardiologista não está na lista.
O Secretário de Saúde, Carlos Sérgio Dias, disse que o cardiologista é chamado em casos de emergência. “Com o convênio da Santa Casa, a cardiologia não entra, mas quando precisam eles têm sim um cardiologista e sempre é acionado”.
No entanto, como não há nenhum convênio com profissional, não existe a obrigação de ele estar acessível sempre que chamado. Por isso, em casos como de Jacqueline, o paciente é atendido por clínicos gerais. A central de vagas é acionada para que encontrem um hospital onde exista um cardiologista de plantão.
Para a família, se houvesse um médico especialista na área, o diagnóstico da filha poderia ser outro.
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